Grupo do curso Fotocidade e Leituras do Urbano: Trabalho final

É com grande satisfação que apresentamos o trabalho final dos alunos do Curso Fotocidade e Leituras do Urbano, realizado na Oficina da Palavra Mário de Andrade, no período de 10/05/11 a 28/06/11.

O objetivo do trabalho final foi a junção de duas leituras artísticas da cidade: fotografia e literatura. Deste modo, os alunos abraçaram o desafio de, a partir das imagens resultantes de saídas fotográficas, produzir um texto sobre determinada fotografia de um colega do curso, podendo escolher um gênero literário de sua preferência.

O resultado foi surpreendente. Confira!

Fernanda Procópio e Bianca Lunna

Foto: Silvia Oliveira

Minha Metrópole

São Paulo, cidade movimentada e barulhenta
Cidade que não dorme, que não para.

Mas também é lugar de
Beleza, lazer e sossego.


Lugar onde se pode passear
Conhecer lugares novos e fazer amizades.


São Paulo, cidade surpreendente,
Onde se constrói prédios inacreditáveis.


Cidade que não para de crescer
Cada dia mais e mais.


Essa é a minha metrópole
Lugar onde se vê o dia passar.


Sentado na praça, vendo
Como ela está.


Metrópole, minha metrópole.

Foto: Guilherme Augusto

Minha cidade daqui




Numa tarde abri os olhos e vi minha cidade
Não que ela ainda não tivesse se mostrado, apenas parecia diferente
Brotado dela, faço uso da janela à minha frente e procuro ar puro
Adulta e um tanto séria, eu ou ela, ela ou "o céu que nos protege"
Assim como no colégio do pátio, ouço a voz do menino que passa apressado




Na tarde que já escurecia o menino passa novamente
Além dos sonhos que vendia, trazia também um sorriso
Não pude detê-lo, estava apressado
Ponho de lado o copo d'água que amenizava o calor daquela tarde
Seria um bom negócio?



Ao apoiar-me, sinto a grade que nos protege do menino e do homem
Dos meninos e dos homens, e do amor perfeito
Não sinto seu perfume
Minha cidade é veloz, muda num piscar de olhos como o vento sibilante entre os prédios
Sinto um frescor
Do sorriso do menino
Do sonho do menino

Texto: Álvaro

Foto: Fábio Vieira

Caminho como faço todos os dias.

Observo os prédios que estão ao meu redor.
Vou e volto pelo mesmo viaduto que invariavelmente me aguarda.
Sinto-me bem em estar nesse lugar.




Já as pessoas constantemente mudam...
Vez ou outra, me deparo com um rosto conhecido, familiar, mas na maioria das vezes nem cruzamos nossos olhares.
Acho esquisito não conversarmos, nem nos cumprimentarmos,
mas é assim esse lugar...




Sendo assim, prefiro os edifícios, com a sua postura altiva e confiante,
e nem por isso arrogante.
Sei que posso contar com eles,
pois sempre estarão nesse lugar.



Posso olhá-los que não mudam, não fingem que não me veem.
Sinto-me bem em saber que ando por lugares conhecidos,
onde os prédios fazem uma trilha para que eu possa caminhar,
como faço todos os dias, nesse meu lugar.

Texto: Tânia

Foto: Amanda Cristina

OCIOSO

Alô, Alô, Alô 123, 123 testando, testando.

Putz... Que dor de cabeça, não devia ter bebido tanto, que hora é essa?

Testando, testando. Mas meu amigo, testando o quê? Será que é a minha paciência que testam?

Penso que sim, estou eu aqui tranquilo, tentando adormecer nesse dia ocioso.

Sim, ocioso! Como não?

Calma...

Como, calma?

Como posso ter calma?, vou lhe contar um pouco da minha vida, senhora.

Na minha vida nunca houve calma, pra Senhora Ver, logo que nasci fui arrancado do ventre de minha mãe, que Deus a tenha, é fui morar com uns tios, era melhor morar na rua do que ter que apanhar sem merecer.

Sim! Já roubei, já cheirei.

Não, Não, isso não. Nunca matei, mas se precisar! A senhora sabe, né?

Senhora, você pode me dizer que dia é hoje? Pois até parece final de semana, sempre tem um som ou tipinho exótico por aqui.

Aqui é normal!

Mas o negócio fica feio quando escuto: corre, corre, corre, pega, pega atira, atira aleluia, aleluia, e um coro exaltado grita: AAAAAmémmmm.

É, vindo dali! É ali. Acima daquelas escadas.

Se eu moro aqui? Não, senhora, claro que não, moro lá na zona

123 Testando, 123 testando. Só estava tentando descansar, mas acho que não vai rolar, o som vaio começar.

Antes da senhora ir, teria um trocado pra mi dá! Tô precisando comprar uns remédios. É verdade, melhor pedir do que roubar, né?

Texto: Jackson Santos

Foto: Jackson Santos

Realidade

Jesus Cristo se sacrificou e morreu na Cruz por nós, para nos salvar, porque pessoas se sacrificam com promessas e diante da crença religiosa buscamos adorar a Jesus Cristo. Diante da realidade triste que vivemos e da má distribuição de renda, é preciso perceber o quanto o irmão é importante, e procurar olhar diferente com o propósito de ajudá-lo e não excluí-lo da sociedade, como é feito diante da correria do dia a dia e do individualismo de cada um.

Texto: Márcia Cavalcante